Relação teoria e experimento
Texto de Apoio I
Crítica à crença na comprovação científica
A ingenuidade do senso comum
O
QUE
É
CIÊNCIA
?
Em geral, os cursos de ciência ensinam mais a fazer ciência que a refletir sobre sua natureza. Mas qual estudante de Física nunca se perguntou o que é ciência, afinal? É possível dizer que, para o senso comum, a ciência é estritamente objetiva, não havendo nela espaço para especulações e opiniões pessoais; as teorias científicas são baseadas exclusivamente em observações experimentais rigorosas; o conhecimento científico é sempre comprovado por meio de experimentos (daí a expressão “comprovação científica” tão cara aos comerciais de xampu e pasta de dente). Mas será que o senso comum está correto a respeito da ciência?
Neste texto de apoio, questionamos a existência da comprovação científica, ou seja, colocamos em dúvida se há fundamento em dizer que o conhecimento científico pode ser comprovado por meio de experimentos. Como será possível perceber, embora os questionamentos apresentados neste texto sejam de natureza filosófica, eles têm profundas implicações práticas para o trabalho nos laboratórios didáticos.
Do senso comum à sala de aula
Não é difícil reconhecer que as visões de ciência de senso comum estão presentes nos laboratórios didáticos de Física. Veja, por exemplo, essa conclusão tipicamente redigida por um estudante com respeito a um experimento tradicional no curso de mecânica (as informações entre colchetes geralmente não estão presentes, mas podem ser subentendidas do contexto):
“A partir desse experimento [realizado com um carrinho específico], comprovamos a segunda lei de Newton, ou seja, que a força resultante produz [em qualquer corpo] uma aceleração inversamente proporcional à sua massa (FR=ma)”.
Como é possível perceber, essa conclusão está totalmente apoiada sobre o discurso da comprovação científica, ou seja, na crença de que as leis científicas são comprovadas com base em