Relatório do documentário Atlântico negro: na rota dos orixás
O documentário de Renato Barbieri tenta apresentar os estreitos laços entre Brasil e África e a formação cultural consequente dessa relação através de uma narrativa objetiva e resumida da história dos povos tendo como referência o tráfico de escravos de um continente ao outro, abordando, também, aspectos religiosos que comprovam a irmandade do país americano com o continente africano, exemplificados pelas figuras de Pai Euclides, no Brasil, e Avimanje Non, no Benin. Logo no início, o sacerdote Euclides, em São Luís, no Maranhão, deixa claro tal intenção de Barbieri na amostragem do diálogo sempre presente entre Brasil e África ao afirmar: “Meu corpo está aqui [no Brasil], mas meu espírito está lá [em África]”. Questões religiosas como essa fazem parte do roteiro de Barbieri e Victor Leonardi devido sua nascença antes mesmo da chegada dos europeus em África – como explica no filme o historiador Alberto da Costa e Silva. Esses enlaces religiosos são, principalmente, frutos da migração de povos do Benin e Nigéria para o Brasil, o que originou “raízes” afrodescendentes como Candomblé, na Bahia, Xangô, em Pernambuco, e Tambor de Mina, no Maranhão – esse último praticado, há tempos, no terreiro da Casa das Minhas, o mais antigo do Maranhão, formado, supostamente, pela Mãe-Rainha do reino de Daomé, Nã Agotimé, quando enviada ao Brasil como escrava por meio do porto de Uidá, no forte de São João Batista de Ajudá, comandado por Francisco Félix de Souza, o Chachá, vice-rei do Brasil e um dos maiores traficantes de escravos africanos do mundo, que deixou um grande legado histórico e foi elo entre miscigenação afrobrasileira no Benin, tendo inclusive deixado descendentes seus no continente que somam atualmente 5 mil pessoas. Mas além dos de Chachá, o Benim abriga descendentes de afrobrasileiros escravos que retornaram ao