Relatos de Swan
"Com meus olhos vermelhos, já sem cor, eu vejo seu medo... Aqueles olhos azuis já não reluziam o mesmo prazer... Por que, senhor, deixas tantas vidas a encarnar em um mundo de podridão e sofrimento como este... As horas que rezei em seu nome não foram o bastante para livrar-me de meus pecados, o qual, não sei por onde os fiz... Agora, abandono esta vida, dou-me de bandeja ao abismo, livrar-me-ei desta frívola vida que tenho... Deixe-me sugar-lhe até a alma, e quando já não tiveres mais vida volte aos meus braços e farei com que veja a humanidade miserável em que vivemos... Deixe-me lhe mostrar o medo como mostrei a eles... Aquele que vi da sacada da janela de meu quarto... Aquele que, um dia, com uma estaca, vi perfurarem-lhe o peito..."
Ouvi batidas na porta de meu quarto, fechei o livro que lia, e sem sair da cadeira onde me sentava, pedi que entrasse. Num sussurro baixo perguntei o que desejava, ele me encarou por alguns segundos, queria saber o que eu pensava... Esses cinco segundos foram o bastante para ele decifrar o que eu acabara de fazer... Seus passos ecoavam pelo quarto enquanto se aproximavam de onde eu estava. Eu não havia movido um músculo, ele se ajoelhou e deitou seu rosto em minhas pernas deixando que algumas mechas de seu cabelo caíssem sobre o rosto. Elevei minha mão do braço do sofá e a depositei na cabeça dele, fazendo um leve carinho. Ele me dizia que não pensasse mais naquele homem, que ele havia muito me feito sofrer e que agora eu o tinha e que ele nunca ma abandonaria... Tal como todos sempre diziam, mas a falta daquele ser me havia tirado todo o prazer... O suicídio era a única opção viável? Não, eu já o tinha feito quando ainda era pega pela inocência da existência de um céu...
“Yeva... Está na hora...”.
“Sim... Está...”.
Ethel se levantou, e junto com Zaynab saíram do meu quarto. Fiquei ali mais algum tempo,