relatorio estagio casa agropecuaria
2008
Monitoramento e controle de pragas da cana-de-açúcar
2.
Cigarrinha das raízes da cana-de-açúcar
2.1
Introdução
O manejo da cultura da cana-de-açúcar vem passando por uma significativa transformação nos últimos anos, especialmente no Estado de São Paulo, motivada pela legislação ambiental que prevê a redução progressiva da queima nos canaviais até sua completa extinção em 2017. Esse processo teve início em meados da década de 90, quando quase 100% dos canaviais eram colhidos manualmente após a queima da palha.
A adoção do sistema conhecido como “colheita mecanizada de cana crua” equacionou a questão econômica relacionada aos custos de produção e proporcionou inúmeros benefícios agronômicos e ambientais. Em contrapartida, a eliminação da queima e a presença de palha no ambiente modificaram, dentre outros aspectos, o perfil de pragas da cultura, destacando-se o caso da cigarrinha-das-raízes da canade-açúcar, Mahanarva fimbriolata (Stål., 1854) (Hemiptera: Cercopidae).
Nesse novo ambiente a cigarrinha encontrou condições mais favoráveis de sobrevivência, pois, a destruição de formas biológicas pela ação do fogo, especialmente ovos em diapausa que estão presentes em maior quantidade na época da colheita na região sudeste, deixou de ocorrer. Além disso, o acúmulo de palha no ambiente contribuiu para um aumento significativo da quantidade de raízes superficiais e, portanto, dos locais de alimentação das ninfas, para a manutenção de temperaturas mais estáveis e para a elevação da umidade do solo, além de proporcionar maior proteção das formas imaturas contra o ressecamento.
Diante desta situação, as populações de cigarrinha-das-raízes aumentaram consideravelmente em muitas regiões, fazendo com que este inseto, até então considerado uma praga de importância secundária para o Estado de São Paulo, assumisse o status de praga-chave da cana-de-açúcar e se tornasse um dos