Rehfeld Corpo
Corpo e Corporeidade: uma leitura fenomenológica
Ari Rehfeld
Publicado na Revista de Psicologia do Instituto de Gestalt de São Paulo, nr 1 – 2004”, apresentado na IV Jornada Paulista de Gestalt
É muita pretensão citar uma dúzia, ou mesmo, meia dúzia de filósofos fenomenólogoexistenciais e suas respectivas reflexões a respeito do corpo em meia hora. Não o farei.
Teria que situá-los na história das idéias, para fazer justiça a seu empenho e, também, algum sentido. Além do mais, seria muito chato e, provavelmente, simplista demais.
Ao invés disso, apresentarei algumas idéias comuns a eles que, embora neles tenham se originado, foram sendo apropriadas por fenomenólogos clínicos que nelas viram, a oportunidade de fundamentar sua prática.
Explico melhor: Jaspers, Binswanger, Boss, Straus, Van Den Berg, Kuhn, Minkowski,
Gebsattel, Ellenberger e Rollo May vão pensar concepção de homem, método e prática, tomando como referência Kierkegaard, Dilthey, Nietzsche, Husserl, Heidegger, Buber,
Sartre, Merleau-Ponty, entre outros.
O meu empenho aqui será tentar mostrar algumas idéias comuns, ou seja, compartilhadas por vários deles, e reproduzidas através de exemplos construídos no exercício de uma fenomenologia do cotidiano. Os exemplos têm a capacidade de serem muito econômicos, possibilitando que através de uma imagem, compreendamos uma série de idéias que, de outra forma, demandariam uma via mais longa para serem expressas. De que corpo estamos falando? Embora pareça, à primeira vista, estranha esta pergunta, certamente não abordarei o corpo que aprendemos na escola: cabeça, tronco e membros.
Não, não se trata de uma aula de fisiologia, até porque não é neste corpo que os fenomenólogos irão se deter. Não me refiro à idéia de corpo do termo grego “sarx”
(acepção de carne, vide sarcófago), ou do