Região: da gênese à geografia moderna
Renan Roldão Bittencourt
Para a elaboração de um determinado método ou estudo, é necessário seguir uma série de procedimentos para obter o conhecimento mais certo e seguro possível, dentro da sua área de investigação. Para tal, os conceitos são fundamentais e o seu aprofundamento é importantíssimo para uma reflexão teórica capaz de articulá-los, principalmente num complexo ramo científico como a geografia, onde encontramos diversas questões e temas. Não esqueçamos, porém, que os conceitos recebem diferentes significações em cada momento da história da humanidade. Dentre os muitos conceitos relevantes nas discussões geográficas, abordaremos o de região e sua relação com as correntes do pensamento geográfico e sua aplicação hoje. As correntes de pensamento geográfico, explicitadas a partir do final do século XIX, diferem entre si em diversos aspectos, como nas práticas teóricas, empíricas, políticas, além de seus representantes. Porém, todas consideram a geografia um saber calcado entre três abordagens: o estudo das relações homem/meio, o de áreas e os locacionais, buscando desta forma, entender as diferenças encontradas em lugares, regiões, países e continentes (CORRÊA, 1990). O determinismo ambiental é a primeira corrente a emergir na geografia, no século XIX, na transição do capitalismo concorrencial para uma fase monopolista e imperialista (CORRÊA, 1990). Seus representantes, como o alemão Ratzel, afirmam que o comportamento humano é determinado pelas condições naturais, ideia fundamentada nas teorias naturalistas de Lamarck e de Darwin. Para compreender a relação homem/natureza, surge o conceito de região natural como “parte da superfície da Terra caracterizada pela uniformidade resultante da combinação ou integração dos elementos da natureza: o clima, a vegetação, o relevo, a geologia e outros adicionais” (CORRÊA, 1990, p.23). No fim do século XIX, surge na França o paradigma do possibilismo como reação ao determinismo