regimes politicos
Portuguesa de História
t. XXXIV (2000)
Tipologias de regimes políticos. Para uma leitura neomoderna do Estado Novo e do Nuevo Estado
1
JOÃO PAULO AVELÃS N U N E S
Universidade de Coimbra
1. Objectivos e limitações
Inicia-se este artigo afirmando a ausência de qualquer propósito, tanto de elaboração de uma síntese 'conclusiva' acerca do amplo, multifacetado e interdisciplinar debate científico-ideológico que envolve o estudo dos regimes políticos estruturados ao longo do século XX - com destaque para ambos os países ibéricos -, como, menos ainda, de descoberta de uma leitura 'definitiva' sobre aquelas mesmas temáticas. Visa-se, simplesmente, manifestar concordância com algumas das interpretações já aventadas, assim como introduzir tópicos ou exemplos complementares.
1
Versão ampliada e actualizada do texto da comunicação com o mesmo título apresentada no Encontro "Relações Portugal-Espanha: uma história paralela, um destino comum?" (Zamora, 7 e 8 de Julho de 2000), organização do CEPFAM/CEPESE da
Universidade do Porto e da Fundação Rei Afonso Henriques.
J o ã o P a u l o Avelãs N u n e s
Tratando-se, embora, de uma polémica antiga, de âmbito predominantemente abstracto (epistemológico e teórico-metodológico), recusa-se a conclusão de que nos encontramos perante uma querela cada vez mais esvaziada de sentido porque sem ligação à realidade dos nossos dias; afastada da investigação de ponta, factualista ou baseada em modelos
"micro" depois de confirmada a inoperatividade dos grandes sistemas explicativos; em contradição com as actuais necessidades do ensino e da divulgação cultural; relevante, quando muito, para um universo limitado de "especialistas" - estudiosos, professores, "fazedores de opinião", políticos.
Em favor da tese da pertinência científica e da actualidade cívica da reflexão sobre os conceitos de autoritarismo, fascismo e totalitarismo em geral, quanto à natureza do Estado Novo português e do