Regimento proveitoso contra a pestilência – uma apresentação
É notável que seu autor deva pertencer a uma comunidade eclesiástica. A tipologia da escrita, carregada de valores cristãos, revela como o homem medieval lidava com a doença e a morte. A doença é vista como castigo divino, mas também como provação para se alcançar a salvação, semelhante ao que aconteceu com Cristo. O autor começa sua discussão expondo os sinais que antecedem à doença, fatores climáticos e celestes que indicam que a peste está se aproximando: “verão com névoa matinal dispersada pelo vento do sul; os dias (de verão) nublados mas sem chuva; as moscas, que sinalizam o ar peçonhento; cometas; relâmpagos, trovoadas e muito vento vindo do sul”. Apesar de o autor apresentar sete sinais, apenas seis são citados e no final ele indica: “Quando portanto estes sinais aparecerem é para temer grande pestilência do Senhor Deus todo poderoso o não quitar e estorvar.”
No segundo capítulo, o autor continua a falar sobre o ambiente e como este influencia sobre a doença. Explica a diferença entre os fatores da “raiz inferior”, da “raiz superior” e de ambas juntas que alteram a qualidade do ar trazendo, assim, a pestilência. Conhecimentos de medicina eram primitivos e, desconhecendo a existência de vírus e bactérias, os corpos mortos, chafarizes podres e fedorentos e os canos