Reforma Linguística e ortográfica - Marcos Bagno
1º PPAN
REFORMA ORTOGRÁFICA E REFORMA LINGUÍSTICA
Em primeiro lugar, é necessário ressaltar que em momento algum Marcos Bagno manifesta qualquer repúdio à gramática em si. O que ele explicita e defende em sua obra Preconceito Linguístico nada mais é do que um repúdio à forma como esta tem sido utilizada pelo homem para oprimir quem maneja a língua falada e por conseqüência a transfere para a língua escrita, mostrando a dinâmica da língua e de seus falantes no decorrer das décadas, dantes da existência da gramática, que nada mais é do que a investigação das “regras da língua escrita para poder preservar as formas consideradas mais “corretas” e “elegantes” da língua literária.” (pág. 73), surgiu na Antiguidade clássica grega, mas não manteve essas características.
Atualmente, sabemos que a gramática perdeu completamente o foco inicial, visto que a função dela na sociedade é puramente de SEGREGAR! Não há didática na gramática que justifique seu uso para alfabetizar: “[...] podemos dizer, sem medo, que não é para ensinar gramática na escola.” (pág. 85) e é “infinitamente mais útil e relevante aprender a usar a língua e não aprender sobre a língua.” (pág. 88). Esse tipo de gramática usada para manter a hegemonia das classes dominantes e cultas tem que ser modificada: “É definitivamente necessário começar a conceber a gramática como uma disciplina viva, em revisão e elaboração constante” (PERINI, MÁRIO. Gramática descritiva do português (PP. 16 e 17)) (pág. 143).
Outra questão é a noção do erro, que para Bagno também tem que ser modificada: “Em relação à língua escrita, seria pedagogicamente proveitoso substituir a noção de erro pela tentativa de acerto”, ou seja, na maioria dos erros cometidos por pessoas com baixo nível de escolaridade o que ocorre é uma tentativa de acerto: “[...] quem escreveu CHÍCARA em vez de XÍCARA não fez isso porque quis errar, mas sim porque quis acertar. Se existe CHINELO, CHICOTE, CHIQUEIRO, CHICLETE, por