Reforma de Paris
O encantamento que Paris causa não é casual: é resultado de uma série de intervenções estatais.
Um estudo comparativo entre as configurações de grandes cidades brasileiras e mesmo de outros países permite que se note facilmente uma série de problemas comuns. O rodoviarismo como modelo de transporte, a periferização que causa o esvaziamento e degradação das áreas centrais, o avanço das habitações irregulares, a falta de espaços de lazer, entre outros, estão presentes na imensa maioria das grandes cidades brasileiras, bem como em outras metrópoles, seja em países pobres, em desenvolvimento ou mesmo em grandes potências econômicas. Uma das conclusões que se pode extrair dessa breve relação entre os problemas das metrópoles é que as grandes cidades, quando não têm um planejamento contínuo, tendem a ir por caminhos semelhantes. Todos esses fenômenos observados ocorrem em metrópoles cuja lógica de crescimento é pautada não pelo poder público, mas sim pelo setor privado. Na maioria dos casos, o setor público não somente isenta-se da função de planejar e organizar o crescimento urbano, chegando na prática a favorecer os interesses particulares. Ou seja, além do visível despreparo das cidades em manter um crescimento minimamente sustentável, há ainda um processo de concentração fundiária e um Estado fraco, pouco atuante, conivente com o setor privado, ajudando a acelerar a degradação de suas cidades.
E qual deve ser, afinal, o papel do poder público (em todas as esferas, desde a municipal até a federal) nesse processo tão complexo que é o do desenvolvimento urbano? O que é o tal do planejamento urbano, como propô-lo de modo a não deixar que o crescimento da cidade seja guiado unicamente pela lógica de mercado? Bom, no Brasil temos alguns exemplos do que não é planejamento urbano. Como na pos lembra a professora Margareth Pimenta¹, da UFSC, “as sucessivas administrações municipais contentaram-se em considerar os planos de