Reflexão
Semana passada, sentei ao lado do meu pai, para fazer o imposto de renda dele. Cinco minutos depois, eu disse: “Desisto. Não entendo nada disso.” Ele sorriu. Desliguei o computador, e perguntei: “Pai, quando você soube, que a mamãe era o amor da sua vida?” Ele pegou o ipad e escreveu: “Ela estava sentada sozinha, no banco da praça. Sua mãe, cabelo longo, simpática e desejada. Eu, cabelo ralo, tímido e desconhecido. Fiquei de longe, apenas, olhando. Demorei trinta minutos, para ter coragem, e caminhar até o banco. Parei na frente dela. Ela olhou, e disse: “Oi?” Respondi: “Você… Você… Você…” Ela disse: “Quer sentar?” Respondi: “Sim.” Passamos a tarde conversando. Depois daquela tarde, todos os dias, busquei sua mãe a pé, no trabalho. Segurava a sua mão, e íamos caminhando até a casa dela. Não tínhamos nos beijado. Naquele tempo, o beijo não era um toque superficial. Era um momento único e especial. Um dia, sua mãe viajou para o Rio de Janeiro. Ela ia ficar uma semana fora. É tão difícil esperar alguém que você ama. Eu acordava com um olho no relógio, e o outro no telefone. Esperando a ligação de bom dia. No final de semana, sem ela saber, peguei um ônibus e fui encontra-lá. Fiquei duas horas, parado na porta do hotel, esperando ela chegar. Já era noite quando ela apareceu. Perguntei: “Vamos a praia?” Ela sorriu, e disse: “Sim” Sentamos na areia, de frente para o mar. Estava ao lado de uma mulher que sorria. Que a minha perna tremia. Uma mulher que conhecia a minha família. Os meus amigos. A minha cor favorita. Olhei dentro daqueles olhos pretos. Ela se aproximou. Fechou os olhos, e me beijou. Quando abriu os olhos, ela sorriu e disse: “Eu amo você.” Coloquei as minhas mãos pra cima, e