Reflexoes politicas em Hans Jonas
Lenise Moura Fé de Almeida*
O consumo exacerbado, o desperdício e as implicações tecnológicas nas organizações sociais que formatam o mundo contemporâneo, ameaçam o metabolismo necessário e intrínseco ao bios. A natureza encontra-se em risco emergente e o homem sofre amiúde o desgaste da sua própria imagem. Se o homem é ele mesmo o criador da antroposfera, esta se encontra, portanto, sob os seus cuidados, sendo domínio incondicional da responsabilidade humana. O existir do homem está objetivamente organizado nesse artefato social que se insere num todo da biosfera e a ela encontra-se submetido e dependente. Entretanto, a técnica moderna amplia o poder do homem, torna a natureza vulnerável, causa danos, introduz ações de grandeza inédita e modifica inteiramente a representação que temos das coisas do mundo e de nós mesmos. Tendo como obra seminal O Princípio Responsabilidade: Ensaio de uma ética para a civilização tecnológica, este presente trabalho busca tratar a questão da técnica segundo a superação do fosso entre Ser e Dever ser para uma proposta ética de pretensões futuristas e mais precisamente sobre a maneira que será aplicada tal ética à sociedade tecnológica, a saber, na forma política.
Se a técnica é em si um poder, para contê-la será necessário um “poder sobre o poder” (die Macht über die Macht). Segundo Jonas, somente será possível uma política que controle e oriente a técnica, se a mesma estiver sob as bases de um princípio ético objetivo, não-antropocêntrico, orientado pelo valor central da vida (humana ou nãohumana). A ação política deve prever os desdobramentos do uso da técnica apontando para os mais temerosos resultados da mesma que são os não esperados, não previstos, não pensados, ou seja, as consequências (em termos ecológicos, assim como, antropológicos) a longo prazo do uso da técnica. É verdade que a cargo do legislador