REFLEX ES
O êxito dessa difícil empreitada, como já afirmado, diversos mecanismos e estratégias foram estabelecidos ao longo do processo civilizatório. Contudo, segundo Freud, o estratagema mais bem sucedido no que concerne à contenção dos impulsos narcísicos de destruição consiste no estabelecimento de valores e ideais culturais que se sobreponham ao sujeito a ponto de determinarem a introjeção da agressividade que ele tendia a dirigir para o mundo exterior. Nesse sentido e para esse fim, a partir dos modelos culturais impostos, desenvolve-se no sujeito uma instância psíquica moral que o observa, pune e controla.
Esse processo medra-se da seguinte forma: ao ser introjetada pelo sujeito, a agressividade é, na realidade, enviada de volta para o lugar de onde proveio, isto é, dirigida no sentido de seu próprio ego. Aí, é assumida por uma parte do ego, que se coloca contra o resto do ego, como superego, e que então, sob a forma de consciência, está pronta para pôr em ação contra o ego a mesma agressividade rude que este teria gostado de satisfazer sobre outros indivíduos, a ele estranhos. A tensão entre o severo superego e o ego, que a ele se acha sujeito, é, por nós, chamada de sentimento de culpa e se expressa como uma necessidade de punição. É dessa maneira, portanto, que a sociedade consegue integrar o indivíduo à cultura: dominando seu perigoso desejo de agressão, enfraquecendo-o, desarmando-o e estabelecendo no seu próprio psiquismo um agente para vigiar os impulsos indesejados, como uma guarnição militar protege a cidade conquistada (Freud, 1930[1929]/1976d, p. 146).
Mas a introjeção da agressividade que lhe é ínsita pode ser mortífera para o sujeito. Afinal, de acordo com Freud, quanto mais um homem controla a sua agressividade, mais