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O Ateneu, obra-prima de Raul Pompéia publicada em 1888, carregava um irônico subtítulo – Crônicas de saudades. O livro inicialmente publicado em forma de folhetim no jornal Gazeta de Notícias é considerado um “romance de formação”. Em O Ateneu, a construção de um microcosmo já é aparente na oração inicial do livro: Vais encontrar o mundo – disse meu pai à porta do Ateneu. – coragem para a luta. A obra é a busca de seu narrador por sua identidade que foi perdida em algum lugar do passado. Um dos mais inteligentes romances da literatura brasileira, O Ateneu é o ápice da carreira do artista Raul Pompéia. É o romance da desilusão. Escolheu para a fábula sentimental o estilo mais significativo de sua época: Gustave Flaubert. Dele tomou de empréstimo o nome de um personagem, para construir uma das figuras femininas mais platonicamente sensuais – Ema. Sérgio e Ema constituem a história de amor no romance. Dos simbolistas franceses trouxe a atmosfera satânica que os versos da penúltima sequência descrevem: “Et comme il voit en nous des âmes peu communes/Hors de I’ordre commun il nous fait des fortunes”. É o clima da história de ódio entre Sérgio e Aristarco. A obra tem um caráter autobiográfico, visto que Sérgio é o alter ego de Raul Pompéia.
2. Resumo da Obra
A obra é composta por flashes da memória de Sérgio, seu narrador-personagem, desses momentos surgem recordações irônicas de quando ele estudava no internato Ateneu. Com onze anos ele foi separado da mãe e pelo pai levado ao colégio cujo dono era Aristarco Argolo de Ramos, no livro descrito como um imperador do colégio, sua pequena monarquia, e mais preocupado com o lucro do que com a questão pedagógica. Em um mundo completamente distinto do seu, o garoto Sérgio tem contato com várias personagens, dentre elas, pederastas, aproveitadores que se passavam por protetores; e várias atitudes, como a ganância e a prepotência. No colégio o menino tem amizades que fogem ao