redação
TEXTO 1
(...) O celular destruiu um dos grandes prazeres do século passado: prosear ao telefone.
Hoje, por culpa deles somos obrigados a atender chamadas o dia todo.
Viramos uma espécie de telefonistas de nós mesmos: desviamos chamadas, pegamos e anotamos recados...
Depois de um dia inteiro bombardeado por ligações curtas, urgentes e na maioria das vezes irrelevantes, quem vai sentir prazer numa simples conversa telefônica?
O telefone, que era um momento de relax na vida da gente, virou um objeto de trabalho. O equivalente urbano da velha enxada do trabalhador rural.
Carregamos o celular ao longo do dia como uma bola de ferro fixada no corpo, uma prova material do trabalho escravo.
O celular banalizou o ritual de conversa à distância.
No mundo pré-celular, havia na sala uma poltrona e uma mesinha exclusivas para a arte de telefonar.
Hoje, tomados como num transe, andamos pelas ruas, restaurantes, escritórios e até banheiros públicos berrando sem escrúpulos num pedaço de plástico colorido.
Misteriosamente, uma pessoa ao celular ignora a presença das outras. Conta segredos de alcova dentro do elevador lotado. É uma insanidade. Ainda não denunciada pelos jornalistas, nem estudada com o devido cuidado pelos médicos.
Atlas, duas das classes mais afetadas pelo fenômeno.
A situação é delicada. (...)
Marcelo Tas(O Estado de São Paulo, 29/11/2004.)
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TEXTO 2
DE UM CERTO TOM AZULADO
Casou-se com o viúvo de espessa barba, embora sabendo que antes três esposas haviam morrido.
E com ele subiu em dorso de mula até o sombrio castelo.
Poucos