redação sobre a copa
O patriotismo da nação canarinho mais uma vez sai às ruas. O entusiasmo verde e amarelo sobrepõe-se aos interesses nacionais: é ano de Copa do Mundo.
Como acontece há várias décadas, o povo tupiniquim exala patriotismo em torno da superioridade inata da invencível seleção. Esse ufanismo - mesmo que sazonal-, típico do brasileiro [brasileiro,] evidenciou-se, principalmente, na década de 70, durante a ditadura militar. Slogans como, "Brasil: ame-o ou deixe-o" eram freqüentes, numa época em que todas as virtudes brasileiras eram exaltadas e, [e] o povo, alienado, esquecia-se da escuridão democrática em que vivia.
A cada quatro anos o Brasil vive a epifania do futebol. O extremado fundamentalismo canarinho destaca-se diante das inúmeras propagandas políticas, visto que se trata de ano eleitoral. No entanto, o famigerado espetáculo circense apresentado pelo Congresso Nacional, [Nacional] talvez não tenha mais graça para o povo, que prefere, em vez disso, contemplar-se com o espetáculo futebolístico.
Numa sociedade em que se convive diariamente com a violência à porta de casa, com a desigualdade social estampada nas esquinas e com o dinheiro pago pelos altíssimos impostos vazando pelos ralos da corrupção, a alienação, seja [alienação seja,] talvez, o ópio do povo. Embora, [Embora] isso seja motivo de vergonha e contestação, para o brasileiro, [brasileiro] tornou-se uma maneira de ocultar, pelo menos por um curto período, o caos e o esquecimento político encontrado em nosso país.
O campeonato chega ao fim. A invencibilidade do nosso esquadrão nem sempre é comprovada e, após muito samba e emoção, o povo tupiniquim volta à triste realidade. E o que sobra a ele, [ele] é o espetáculo das bananas, que os novos governantes hão de providenciar.