Recursos humanos
30 março 2007
Társis ou Nínive
Jonas se dispôs, mas para fugir da presença do SENHOR, para Társis; e, tendo descido a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem e embarcou nele, para ir com eles para Társis, para longe da presença do SENHOR. (Jonas 1:3)
Por que razão alguém gostaria de estar longe da presença do Senhor? Essa é a pergunta com a qual o Rev. Eugene Peterson (um dos mais respeitados autores cristãos de nossa época com mais de 30 anos de ministério) dá início ao seu livro “À sombra da planta imprevisível”, publicado pela United Press, 2001, e que estou lendo.
Jonas recebe seu chamado para ir à Nínive, cidade pagã, idólatra e promíscua. Cidade de gente com nariz empinado, auto-suficiente e cheia de problemas. Descontente com essa missão, compra a passagem para Társis, ou Gibraltar, ou Espanha – algum lugar naquela direção genérica. Era o fim do mundo; os portões da aventura. Lugar longe da presença de Deus.
O profeta havia tido uma experiência com Deus (“Veio a palavra do SENHOR a Jonas... dizendo:” 1:1). Percebe-se, desde o Éden, com impressionante regularidade, uma tentação de reproduzir a experiência com Deus, agindo como Deus. Explica Peterson: “O gosto por Deus torna-se numa ambição de tornar-se Deus. (...) Assim que eu começo a cultivar a possibilidade de adquirir este tipo de poder e glória para mim mesmo, certamente vou evitar olhar para a face de Deus, fugir da presença do Senhor, e procurar um lugar onde eu possa desenvolver meu orgulho e adquirir poder.” Társis é esse lugar de prazer. O prazer seguro de não ter que depender daquilo que não vejo, para passar a cuidar de mim do meu próprio jeito.
A idéia de Nínive é repugnante: muito trabalho, gente ingrata, situações que fogem ao controle, sucesso improvável. Para esse tipo de projeto, faz-se necessária a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem. E cá entre nós: viver “pela fé” é difícil! Társis é bem mais seguro.