Recursos humanos
1-, 2011 - 29: 2
Casa Grande & Senzala: RH e exclusão social
Os critérios no recrutamento e seleção como fatores da perpetuação da exclusão social.
Fala-se de “apagão de talentos”, mas por outro lado temos um contingente enorme de profissionais excluídos dos processos de recrutamento e seleção por uma miopia dos envolvidos com recrutamento e seleção.
O que há de comum nos anúncios de recrutamento e seleção de trainee para grandes empresas?
Os requisitos graduação completa (ou em conclusão) e Inglês avançado são exigidos textualmente. Outras exigências estão subentendidas: que a formação seja numa escola de “primeira linha” e que os candidatos sejam parecidos com os da fotografia que ilustra o anúncio (jovens, brancos e de “boa aparência”).
Vamos visualizar o candidato que será selecionado: jovem (branco), nascido em família classe média alta, estudou em escolas particulares desde os 3 anos de idade, freqüentou cursos de idiomas desde a infância. Estudou durante o dia, pois os pais pagaram a faculdade. E claro ... viajou para Disneylândia.
E aquele que nem pode candidatar-se a esta vaga, quem é?
Nasceu em uma família pobre e com muito esforço concluiu o ensino médio em uma escola pública. Trabalha desde os 16 anos e conseguiu concluir o curso superior, estudando de noite e trabalhando de dia para pagar a faculdade. Agora que concluiu a graduação, está começando um curso de inglês. As vezes não é tão jovem assim.
Com todas as lutas e dificuldades da vida, só conseguiu seu almejado diploma depois dos 30 anos. Agora tem um diploma na mão e seu emprego de sempre (com baixa remuneração).
Quem disse que este último não pode ser um “jovem talento”, com imensa capacidade de liderança, negociação e motivação? Quem garante que nosso garoto da Disneylândia é competente só porque estudou uma escola famosa e fala inglês fluentemente?
Quando se fala tanto em “apagão de talentos”, quantos talentos estamos jogando no lixo?