Recursos humanos e relações de trabalho
Por Allan Queiroz Barbosa
Professor da UFMG. Coordenador do Núcleo interdisciplinar sobre Gestão em Organizações (Não) Empresariais (Nig.one) da UFMG e do Observatório de Recursos Humanos em Saúde UFMG/SES-MG.
E-mail: Allan@ufmg.br
RIQUEZA E MISÉRIA DO TRABALHO NO BRASIL
De Ricardo Antunes (org.)
São Paulo: Boitempo, 2006. 528 p.
O debate na Administração sempre teve a marca significativa de estudos ligados às relações de trabalho, quase sempre associados à gestão de recursos humanos. Em maior ou menor grau, é inegável seu papel na consolidação de uma linha analítica em ambiente fortemente influenciado por uma abordagem, nem sempre convincente, pautada pela perspectiva humana, classicamente denominada relações humanas em suas múltiplas manifestações. Essa importância ficou visível nas décadas de 1970 e 1980, que viram, em grande medida, o apogeu dos estudos com forte conotação sociológica no campo das relações de trabalho em diferentes áreas da Administração, com grande concentração em recursos humanos. A realidade das relações de trabalho indicou que, longe ser um espasmo circunstancial, uma linha analítica na Administração era reforçada. Isso se deu tanto pelo fortalecimento das instâncias representativas dos trabalhadores como pelo esgotamento do modo de produção taylorista-fordista, com os decorrentes impactos sobre os empregados
Paradoxalmente, os anos de 1990 e as primeiras incursões no século XXI acabaram por evidenciar um relativo esvaziamento dessa instância no âmbito da administração. Muitas são as explicações possíveis para tal situação, e um dos aspectos que pode servir como balizador a essa reflexão está pautado pela crise da sociedade do trabalho e seu impacto direto na gestão de recursos humanos. No caso brasileiro, isso fica evidente, e a fragilidade do ethos social reconhecendo direitos e conquistas históricas tornam-se visível e serve como pista aos estudiosos.