recrutamento
“Eu acho que somos quem somos por várias razões. E talvez nunca conheçamos a maior parte delas.” -As vantagens de ser invisível.
Estava escuro. As paredes que o aprisionavam naquele lugar foram construídas com desordem. As grades eram feitas de paranoia, mas ainda sim eram capazes de perfurar sua pele todas as vezes que tentava passar por elas. O chão era como um buraco negro profundo. Ele estava jogado ali naquela prisão onde solidão e loucura tornavam-se sinônimos.
Sentia-se amarrado, machucado. E cada pedaço de si que se prendia a parede doía mais que um pedaço de pele arrancado. A cada gota de suor frio que descia por suas costas, era como uma de sangue que jorrava de suas feridas. “Você fala sozinho?”
Como um prisioneiro ele era julgado. Estava de braços atados, sua respiração descompassada. Tinha os olhos vendados. Podia ouvir tudo e todos a sua volta. Parecia que ninguém podia ouvir seus gritos suplicando por ajuda. Gritos esses que soavam tão alto em seus ouvidos, mas que para os outros não passavam de meros sussurros.
Quando se vive, falar é uma coisa difícil. Temos medo de errar, de dizer algo que não devia ser dito e por isso muitas das vezes deixamos nossos pensamentos guardados para não magoar alguém ou até mesmo nos magoar. Mas quando se está morto, as coisas mudam. Você fala. Fala até demais, mas não literalmente, sua mente fala e ela nunca para.
Ligado no duzentos e vinte, era como se acabasse em ter um curto circuito à cada segundo, as faíscas batiam em seu peito, o corpo tremia em nervosismo muitas vezes, mas de nada adiantava, continuava da mesma maneira: É assim quando se tem TOC.
Transtorno Obsessivo Compulsivo é uma doença diagnosticada em meados do século XIV e XVI na Europa, quando a população dizia que quem tinha os transtornos era um enviado do diabo