Recente historiografia da escravidão brasileira
HISTORIOGRAFIA DA ESCRAVIDÃO BRASILEIRA
✓ Brecha Camponesa
Stuart Schwartz ao analisar a historiografia da escravidão e suas consequências na economia da colônia portuguesa na América observa a existência de um debate entre teóricos tradicionais e da atualidade sobre os “modos de produção” e sobre os papéis e as relações no sistema.
Os teóricos tradicionais representados por Caio P. Jr e Jacob Gorender, defendem a ideia de que a economia da colônia predominava a produção de produtos agrícolas para a exportação, através das PLANTATIONS, ou seja, de grandes fazendas com grandes números de escravos no trabalho de uma monocultura para exportação. Onde nas relações entre o senhor e os escravos, os negros eram vítimas de uma exploração irrestrita, brutal, não havendo espaço de manobra ou de negociação, resultando em poucas chances de ascensão social (alforria).
Já para Ciro F. Cardoso representante da historiografia atual, que com a abertura das fontes trabalha o conceito da “Brecha Camponesa” como uma prática comum na escravidão brasileira, nas áreas rurais os senhores concediam lotes de terras a seus escravos e liberação nos fins de semana para trabalhar e cultivar a terra, essa produção era para consumo próprio, podendo comercializar o excedente no mercado interno, em alguns casos a acumulação de capital possibilitava a compra de alforrias. Com a brecha o senhor diminuía os custos com a alimentação dos escravos.
Dessa forma, a brecha camponesa de um lado facilitava a autonomia, independência do escravo, ao mesmo passo que fortalecia o instrumento de dominação sobre o escravo. A brecha camponesa colaborava para a diminuição dos conflitos, revoltas e fugas dos escravos por estarem ´presos` a terra.