Realismo, idealismo e a política externa estadunidense
A grande característica da política nos Estados Unidos é a ausência de uma tradição conservadora. Os valores liberais estão difundidos e impregnados no pensamento político de todo o país. Esse fato, obviamente, reflete na política externa do país, um exemplo é a capacidade dos EUA de projetarem seus interesses e valores particulares como sendo universais. Alguns estudiosos afirmam que essa característica se sobrepõe à suposta divisão da política externa em idealismo e realismo.
O fim da União Soviética, no fim dos anos 80 e início da década de 90, fez com que o grupo neoconservador nos Estados Unidos ficasse sem referências. Depois de décadas exigindo a adoção de uma política externa mais agressiva para colocar fim ao comunismo, eles acabaram sem a sua principal motivação. Após essa mudança de cenário, houve uma divisão e formaram-se duas correntes de opinião. Esses dois grupos debatiam sobre o que deveria guiar a política externa estadunidense após esse fato: o realismo ou o idealismo.
Os neorrealistas solicitaram uma política externa mais realista e ligada aos interesses nacionais. Já os globalistas democráticos, defendiam uma política externa mais idealista que deveria influenciar a disseminação da democracia, do livre comércio e dos valores estadunidenses por todo o mundo, fazendo uso da inquestionável superioridade militar.
Os realistas dominaram por bastante tempo a política externa dos Estados Unidos, mas foram recusados pelos neoconservadores no primeiro mandato de Bush. Eles preferiam a ação multilateral e davam prioridade ao fortalecimento das alianças tradicionais de Washington. Já os neoconservadores são avessos aos processos multilaterais em geral e à Organização das Nações Unidas.