maya de ursulino leao
Além das ideologias, o romance se revela altamente moderno pelas construturas formal e linguística, uma vez que emprega técnicas engajadas na modernidade, como o flashback, o monólogo interior e a polifonia, entendida como multiplicidade de pontos de vista. Nosso objetivo, neste estudo, é mostrar algumas destas facetas da narrativa ursulileonina relacionadas à estrutura do romance e, também, à ideologia, uma vez que o relato linguístico se constrói exatamente sobre estes componentes estéticos altamente explorados à época, como podemos ver, ainda, em ficcionistas da estirpe de Clarice Lispector, com “Perto do Coração Selvagem”; Erico Verissimo, “O Resto é Silêncio”; e José Geraldo Vieira, “A Ladeira da Memória”.
Contra-ideologia
A ideologia, conjunto de ideias em torno de diversas formas do pensamento humano, quadra-se perfeitamente ao romance “Maya”, à medida que o narrador soube colocar em seu cadinho vários pontos de vista que, à semelhança de Machado de Assis, em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, não afirma nem nega as formas de as personagens pensarem, por mais que elas se realizem de forma dialética. Apesar de Maria do Rosário contrapor-se ao pensamento de Hermano, não há uma síntese que tenda por esta ou aquela ideologia, embora as posições relativas à existência de Deus fiquem claras, uma