realidade
Fernanda Silveira Corrêa.
O livro II trata do desenvolvimento e da educação desejáveis às crianças de 2 a 12 anos. Na nossa exposição tentaremos abordar mais que os preceitos educativos sugeridos por Rousseau, seus fundamentos, isto é, as idéias - de homem, de criança, de liberdade, felicidade, natureza, aprendizado, ensino, correção – que os justificam.
Segundo Rousseau,
"Existem dois tipos de dependência: a das coisas, que é da natureza, e a dos homens, que é a da sociedade. Não tendo nenhuma moralidade, a dependência das coisas não prejudica a liberdade e não gera vícios; a dependência dos homens, sendo desordenada gera todos os vícios, e é por ela que o senhor e o escravo depravam-se mutuamente" (p.77/8)
No estado de natureza o homem é livre pois depende apenas das coisas. Sua felicidade coincide com sua liberdade
"a felicidade ... dos homens consiste no uso de sua liberdade. ... Quem faz o que quer é feliz quando basta a si mesmo: é o caso do homem que vive no estado de natureza."
O que é exatamente para Rousseau a felicidade?
"O mais feliz é o que sente menos sofrimento; o mais miserável é o que sente menos prazeres" (p. 70)
Como a felicidade, entendida como sensações de prazer e ausência de sensações dor coincide com a liberdade?
"Todo sentimento de sofrimento é inseparável do desejo de se livrar dele; toda idéia de prazer é inseparável do desejo de desfrutá-lo; todo desejo supõe privação, e todas as privações que sentimos são penosas; portanto, é da desproporção entre os nossos desejos e as nossas faculdades que consiste a nossa miséria. Um ser sensível cujas faculdades igualassem os desejos seria um ser absolutamente feliz." (p. 70)
A felicidade não coincide, portanto, apenas com a sensação de prazer ou com a ausência da sensação de dor, mas sim com a capacidade de alcançar ou esquivar-se de essas sensações. A felicidade requer faculdades para obter o