Realidade histórica do Brasil
As conquistas liberais da Independência mudaram o processo político de cúpula e redefiniram as relações estrangeiras, mas ainda assim não conseguiram chegar ao complexo socioeconômico gerado pela exploração da colônia, que permaneceu intacto, na espera de uma grande revolução. Ou seja, a situação continuava a mesma, mas as ideias se modificaram. Caíram em descrédito às justificativas que a colonização e o poder absoluto haviam instituído, e foram substituídas pelo ponto de vista oitocentista, do estado nacional, do trabalho livre, da liberdade de expressão, da igualdade.
No plano econômico-político firmou-se a industrialização capitalista, principalmente a inglesa, cujo lado liberal pautaria a consciência do século.
O que significava nessas circunstâncias a persistência do sistema produtivo montado no período anterior?
A princípio essa inversão histórica mundial ocasionou uma troca generalizada de valores. O que era positivo antes passou a ser odioso. Mas o curso das coisas se confundia com o juízo, quando não ensinava uma estimativa divergente. O tráfico negreiro, por exemplo, continuou a ser um negocio lucrativo, e a mesma coisa aconteceu com o ciclo do café, o trabalho semiforçado.
Assim a ligação do nosso país com a ordem revolucionária e a liberdade, não apenas mudava os modos retrógrados de produção, como confirmava e promovia em prática, uma evolução de pressupostos modernos. O estatuto colonial do trabalho passou a assistir a recém-constituída classe dominante. A mão-de-obra segregada deixava de ser sobrevivência passageira para ser parte da estrutura do país livre, no mesmo patamar que o parlamento, a constituição, o patriotismo, todos igualmente indispensáveis.
Em relação ao ideário liberal, se encontrou uma variação de apreciações correspondentes, necessárias à organização e à identidade do novo Estado e das elites. Esse ideal representa o progresso. Por outro lado não expressa nada das relações de trabalho