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Tipo assimQue tal estar no estado das coisas como elas estão hoje? E, então, como vai você exatamente agora? Difícil ter esta noção assim tão clara hein? Pois é, eis que de repente, meio assim sem querer, no intermédio de alguma atividade rotineira real e absolutamente sem importância, você para um segundo com a força desse pensamento: “mas o que é que eu tou fazendo da minha vida agora?” “Putz! Meu”. Você se auto-retruca. “Puta pergunta difícil. Não tinha outra coisa pra pensar agora não?” Sim, dá para achar engraçado. E dá uma preguiça de responder também... Mas aí você realmente “pára para pensar” e percebe, meio assim sem querer, que está bem! Que no final das contas, subtraindo a soma do quadrado da sua recusa, que é igual à soma do quadrado de seus desesperos, e repassando a multiplicação da vontade de conhecer as incógnitas para o lado divisório de responsabilidades, você sabe que o “x” da questão é o ângulo pelo qual se olha. E, você está até indo bem. Olha só que coisa! Daí você tem uma sensação clara e quase corpórea de que essas pressões todas não são suas, de que essa redoma de preocupações urgentes não tem urgência factual alguma. Daí você relaxa e faz alguma coisa que gosta. Nossa, como isso é raro na cultura anglo-latino-árabe-oriental-saxônica contemporânea!
Tem dias que a vida parece não caber em nós. De tão complexa, misteriosa e imensa, escapa-nos.
Daí o momento decisivo: ou ficamos paralisados com o gosto de incapacidade na boca ou celebramos a benção do “descontrole”, ou seja, de não termos o peso da ilusão de que cabe a nós conter a vida na palma das mãos.
A vida é dada, não conquistada. Se assim é, sua leveza não está na indiferença do prazer pelo prazer ou na fuga dos problemas, mas na gratidão. Na liberdade da gratidão. Na sensação de que tudo é um imenso presente de quem a fez com as mãos de um escultor habilidoso e com o coração de um pai amoroso.
A vida é mais do que podemos imaginar ou controlar.