razoes praticas bourdier
O texto inicia-se praticamente com uma citação de Thomas Bernard, referindo o Estado como manipulador e destrutivo. Quem entra para a escola, entra para o Estado e serve para sempre o Estado.
Pierre Bourdieu concorda com este quando diz, que para pensar o Estado, que continua a pensar-se através daqueles que ainda o continuam a pensar (por exemplo Hegel ou Durkeim) dever-se-á pôr em causa todos os pressupostos e pré-construções do próprio Estado, assim como pôr em causa o pensamento dos analistas do Estado.
Para Bourdieu, o Estado impõe as mudanças que quer, por mais impensáveis que sejam, como o exemplo referido no texto, “à primeira vista insignificante que é a ortografia”, em que os defensores da naturalidade da ortografia existente se esquecem que a ortografia existente é fruto de anterior intervenção do Estado, isto é, uma reforma da ortografia é “desfazer por decreto o que o Estado por decreto fizera”.
É o Estado que, na produção simbólica, produz os problemas sociais, que a ciência social ratifica, tomando-os como seus.
Bourdieu critica a Escola de Cambridge, porque esta utiliza para pensar o Estado, análises de juristas do século XVI e XVII que na fase de construção e consolidação da ideia de Estado ajudaram produzir o seu universo burocrático, sendo esses escritos não contribuições intemporais e isentas, mas sim contribuições influenciadas pelas normas de Estado vigente, e igualmente influenciadas pelos interesses e valores daqueles que o fizeram.
A ciência social faz parte da realidade do Estado e do esforço da construção da representação do Estado, desde a origem deste.
Seguidamente Bourdieu refere à concentração de capitais – capital de força física, capital económico, capital cultural e capital simbólico que o Estado detém.
Cita Max Weber, dizendo que “o Estado é uma comunidade humana que reivindica com sucesso o monopólio do uso legítimo da violência física num determinado território”. Bourdieu concorda que o