raizes do brasil
RAÍZES DO BRASIL*
Luiz Feldman
Em texto publicado em julho de 1950 no Diário
Carioca, o então diretor do Museu Paulista e presidente da seção estadual da Associação Brasileira de Escritores, Sergio Buarque de Holanda, registrava o declínio do método interpretativo no estudo da História.
A entronização do “fato puro” e a renúncia à imaginação poderiam representar, alertava, um retrocesso. Na verdade, além do empenho na coleta dos dados, era preciso que o historiador formulasse aos fatos “as perguntas realmente decisivas” (Holanda, 1996c, p. 234).
Não eram de outra ordem as indagações que, em Raízes do Brasil, Sergio Buarque havia dirigido
*
Ao longo de sua preparação, este trabalho se beneficiou do estímulo e da crítica de Luiz Costa Lima,
Maria Regina Soares de Lima, Silvana Seabra, Paulo
Esteves, RobertWegner, João Cezar de Castro Rocha e LeopoldoWaizbort, bem como de Emb. Everton
Vargas e de dois pareceristas anônimos da RCBS. Erros e omissões são de exclusiva responsabilidade do autor.
Artigo recebido em 26/01/2011
Aprovado em 25/04/2013
ao processo de modernização do país. O livro fora publicado, em 1936, pela editora José Olympio, como número inaugural da Coleção Documentos
Brasileiros, série que respondia, segundo o prefácio de Gilberto Freyre, à “ânsia de introspecção social que é um dos traços mais vivos da nova inteligência brasileira” (Freyre, 1936, p. v). Àquela altura, Sergio Buarque, bacharel em Direito, crítico literário e ex-correspondente na República de Weimar, ainda se iniciava na carreira de professor, como assistente das cátedras de História Econômica e Literatura Comparada da recém-criada Universidade do
Distrito Federal. Raízes do Brasil só seria reeditado doze anos mais tarde, “consideravelmente modificado” (RB, 1948, p. 11), de acordo com o autor.
Dois decênios após sua vinda a lume, sairia em terceira edição, “com algumas alterações que não lhe
afetam