Raizes do Brasil
A tentativa de implantação da cultura européia em nosso país, dotado de condições naturais, se não adversas, largamente estranhas à sua tradição milenar, é, nas origens da sociedade brasileira, o fato dominante e mais rico em consequências. Pois nossas raízes acabaram sendo fruto de outra terra, de outro continente, de outro povo. A colonização foi uma transposição européia, trazendo de países distantes nossas formas de convívio, nossas instituições, nossas idéias. Idéias essas que foram se adequando bem ou mal às nossas características, apesar do ambiente muitas vezes desfavorável e hostil. Conclusão: somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra.
É significativa a circunstância de termos recebido a herança de uma nação ibérica. Pois nenhum país vizinho europeu desenvolveu ao extremo uma cultura da personalidade, que parece constituir o traço mais decisivo na evolução dos hispânicos. Para o povo ibérico, o valor de um homem infere-se, antes de tudo, da extensão em que não precise depender dos demais, em que não necessite de ninguém, em que se baste. Cada qual é filho de si mesmo, de seu esforço próprio, de suas virtudes. Eles ficam um pouco à margem do resto da Europa mesmo nas navegações que foram pioneiros e não possuíam uma hierarquia feudal tão enraizada, por isso a mentalidade da nascente burguesia mercantil se desenvolveu lá primeiro. Esses fatores resultam numa frouxidão organizacional que estará muito presente na história de Portugal e conseqüentemente do Brasil
No primeiro capítulo do seu livro, Sérgio Buarque mostra que os países Ibéricos eram os que faziam fronteiras entre a Europa com o mundo através do mar, e por isso eles são menos “europeizados” do que os demais países. Para os países Ibéricos cada homem tinha que depender de si próprio. Eles não possuíam uma hierarquia feudal tão enraizada, por isso a mentalidade da nascente burguesia mercantil se desenvolveu lá primeiro. Somando a isso,. Para