Raduan
Escrito em 1996 para o segundo volume dos Cadernos de Literatura Brasileira.
Presença de metalinguagem.
Revela o caráter de Raduan Nassar.
Escrito em primeira pessoa
Trata-se de uma crítica ao universo intelectual e aos eruditos que fazem parte de tal universo.
O único texto totalmente inédito, escrito especialmente para a “Menina a caminho”.
Fatos em ordem cronológica
O narrador deste conto começa dizendo que sempre cultivou uma convicção: a de que “a maior aventura humana é dizer o que se pensa.”
Logo na sequência, inicia a descrição do seu bisavô, que tinha uma visão de mundo diametralmente oposta à sua.
O narrador faz uma referência a Pindorama, cidade do interior de São Paulo.
Ele passa a descrever o Baile de Primavera, um baile a rigor que acontecia em setembro e era o “acontecimento” da pequena cidade.
As moças compravam pedra-pome, uma espécie de pedra cinza e porosa, que era usada para friccionar nas mãos a fim de eliminar as calosidades.
Assim, durante o baile, os jovens ao tomar as mãos das parceiras, tratadas com a tal pedra, teriam a sensação de tomar, entre as suas, verdadeiras “mãozinhas de seda”.
Depois de terminar a descrição do bisavô e dos jovens casadoiros de Pindorama, o narrador comenta então que pegou uma mania ao esbarrar com intelectuais:
Sempre olha aos mãos deles, que também são “mãozinhas de seda” semelhantes àquelas das mocinhas.
Ele acha que esses intelectuais são uns pretenciosos e arrogantes que vivem do seu prestigio, comercializando as suas ideias no mercado das aparências.
Ironicamente, o narrador termina o conto, afirmando que aprendeu a lição do bisavô, que tinha razão. Ele agora é um diplomata.
Ao contrário de Raduan Nassar, que virou as costas para o mundo dos valores falidos e fugiu para a roça.