Radiologia
Em 27 de setembro de 1987. Neste dia foi descoberto o maior acidente radiológico do mundo. A data está marcada não apenas na história, mas principalmente na memória dos goianos como um dos momentos mais trágicos. Um aparelho utilizado em radioterapias que estava abandonado nas ruínas do Instituto Goiano de Radioterapia (IGR), no centro de Goiânia foi encontrado por dois catadores de um ferro velho, pensando em ganhar dinheiro com a sucata. Wagner Mota Pereira e Roberto Santos Alves inocentemente levaram o aparelho que pesava aproximadamente 200 quilos para o ferro velho de Devair Alves Ferreira, na rua 57, no centro da capital. A marretadas, os dois desmontaram o aparelho que revestia a pequena cápsula que continha 19,26 gramas de césio 137. O pó semelhante ao sal de cozinha, no escuro brilhava com uma cor azulada. Encantados com o mistério o dono do ferro velho começou a distribuí-lo com os parentes e amigos como se fosse algo precioso. Começava aí um drama com proporções incalculáveis.
Nos primeiros dias quem teve contato direto com o Césio 137 começou a sentir tontura, náuseas, vômitos e perda de cabelos. Sem perceber a relação dos sintomas com o manuseio da peça, o irmão de Devair, Ivo Alves Ferreira, morador do Setor Norte Ferroviário, foi conhecer o pó e levou fragmentos para casa e espalhou sobre a mesa. Sua filha caçula, Leide das Neves, de 6 anos de idade, vitima da inocência e da falta de informação, brincou com o Césio e depois comeu ovo com as mãos sujas, ingerindo fragmentos radioativos. Ela foi atingida com maior grau de contaminação. Aumentava a cada dia a cadeia de radiação e contaminação do Césio 137. Maria Gabriela, esposa de Devair, suspeitava que o pó brilhante era o causador de tudo e decidiu recolher a cápsula e levá-la à Vigilância Sanitária, no setor Aeroporto. Ela expôs o drama ao veterinário Paulo Roberto Machado, que o pó misterioso estava