Radiação cósmica
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REVISTA USP, São Paulo, n.62, p. 104-115, junho/agosto 2004
A
THYRSO VILLELA, IVAN FERREIRA
E CARLOS ALEXANDRE WUENSCHE
o ligarmos um televisor em um canal em que não há transmissão, observamos na tela um ruído
sem nenhum padrão. Esse ruído deve-se às ondas de rádio que permeiam nosso planeta, sejam sinais gerados pelo homem ou emissões de objetos astronômicos que chegam à Terra. Parte desse ruído (cerca de 3% da intensidade total) viajou desde os primeiros instantes do universo para chegar até nossos aparelhos. Ele é conhecido como Radiação Cósmica de Fundo em Microondas (RCFM). Nosso planeta é banhado por essa radiação que o atinge vindo de todas as direções do céu.
Em 1929, o astrônomo Edwin Hubble fez uma interessante descoberta que mudou radicalmente a forma como
THYRSO VILLELA,
IVAN FERREIRA e
CARLOS ALEXANDRE
WUENSCHE
são pesquisadores da
Divisão de Astrofísica do
Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais do
Ministério da Ciência e
Tecnologia.
entendemos o universo. Seus resultados indicavam que, quanto mais distante estava o objeto observado, maior era sua velocidade de afastamento do observador, sugerindo que o universo estava se expandindo. A interpretação dessa expansão diz que o próprio espaço em que essas galáxias se encontram está aumentando. Isso contrastava com a idéia anterior de um universo estático, proposta por
Einstein em seu trabalho sobre uma teoria geral da gravitação. Uma questão que pode ser imediatamente levantada é: se o universo está em expansão, ele deve ter sido menor no passado; então, que conseqüências físicas podemos deduzir desse processo de expansão?
A RCFM é uma das mais importantes ferramentas uti-
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lizadas para tentar responder a essa questão. Na verdade, ela pode nos ajudar a conhecer uma série de processos físicos que
ainda