Questão sobre "O poço", de Mário de Andrade
Durante a narrativa do conto O poço de Mário de Andrade, o personagem Joaquim Prestes se coloca como patriarca de autoridade inquestionável. O próprio narrador afirma que “tudo que Joaquim Prestes fazia, fazia bem” ) e diz “para comprar o seu primeiro carro fora à Europa (...). Viera uma “autoridade” no assunto” explicitando que tal “autoridade” pretendida pelo personagem não se resumia a posição hierárquica que sua riqueza e status social, mas também por um capricho de dominar com excelência qualquer coisa em que botasse a mão, sejam homens, negócios ou conhecimentos.
O conto se desenvolve a partir de incidentes que “abalam” a integridade da autoridade de Joaquim Prestes, começando quando o personagem ao examinar o poço que estava sendo construído a seu mando, deixa cair nele sua caneta tinteiro e imediatamente manda seus funcionários buscarem-na. È interessante que os trabalhadores respondem imediatamente a essa ordem, sendo que para ele “era evidente que a caneta-tinteiro do dono não podia ficar lá dentro” o que evidencia tanto a submissão dos funcionários quanto o valor simbólico da caneta.
Mas a caneta não possui valor em si, pelo menos para Joaquim Prestes, pois o patriarca possui em sua gaveta outras de superior valor. A necessidade pela caneta, que justificou o patrão a mandar seus funcionários trabalharem em condições deploráveis para recupera-la, é decorrente do fato de que a posição de patriarca não permite suportar com resignação a perda de um objeto por qualquer que fosse, ainda mais dentro de um poço. O valor da caneta esta no dano que sua perda, na frente de uma visita e um empregado, causa a autoridade do patriarca.