Quest O 2

As faces da colonização que subjugaram a cultura do continente americano degeneraram os costumes e valores seguindo para a homogeneização da organização da sociedade e da vida social. Cada vez mais parecidos com seus colonizadores europeus, os conceitos de liberdade e justiça antes diferentes em cada comunidade, agora se alinham a seus significados ocidentais e se impregnam a cada mente neste continente. A consideração dos colonizadores de que o que havia neste continente era primitivo e inferior legitimou que reconstruíssem toda a sociedade sem a permissão dos povos autênticos que viviam aqui. As transformações ocorridas impactaram esses povos de forma intrínseca através de coação ideológica, sua cultura degradada pela dominação e sua autonomia esquecida. Tal ethos, como chamado por Darcy Ribeiro, em ‘As Américas e a Civilização’, agia oculto aos dominados. A percepção deste ethos não estava latente na consciência dos índios, dos negros e dos mestiços deste continente, ele os atingia que tivessem chance de defesa, somente após a tomada de consciência do que os colocava em posição inferior frente ao que era europeu torna possível “reconquistar a autenticidade cultural que começa a fazer do ethos nacional, em todas as esferas, um reflexo da imagem real das experiências concretas de cada povo (...)” (RIBEIRO, 2007. p.73). O autor delimita quatro categorias sob as quais analisa os povos colonizados, que segundo a análise do tipo de intrusão mercantil europeia a que foram submetidos e da sua reinserção posterior no mundo: povos-testemunho; povos novos; povos transplantados ou povos emergentes. Não cabe aqui definir aqui sistematicamente cada um, mas somente destacar que o que as diferencia são suas configurações histórico-culturais. Darcy Ribeiro utiliza estas categorias para entender a construção de cada povo colonizado agora e sua inserção no mundo industrial.

Ao se tornar sujeito ativo da ação história: quem somos nós entre os povos do mundo?