Quem Merece o Que

QUEM MERECE O QUÊ? - ARISTÓTELES No capítulo “Quem merece o quê/Aristóteles” do livro Justiça – o que é fazer a coisa certa de Michael J. Sandel, expõe-se sobre a teoria da justiça de Aristóteles, sob os enfoques teleológico - do propósito da prática social em questão; e honorífico - compreensão ou discussão das virtudes que esta prática deve honrar e recompensar. Para Aristóteles, a justiça não é neutra, discussões sobre justiça são debates sobre a honra, a virtude e a natureza de uma vida boa. Segundo ele, justiça significa dar às pessoas o que elas merecem conforme suas possibilidades e habilidades. Discussões sobre justiça e direitos com frequência são discussões sobre o propósito, ou télos, o que, por sua vez, reflete noções conflitantes a respeito das virtudes que se deve valorizar e recompensar. Conforme o autor, no mundo antigo acreditava-se que a natureza mantinha uma ordem natural significativa, atualmente deixou-se de acreditar nesta teoria mas nem por isso deixamos de ver o mundo como algo dotado de uma ordem teleológica.
Levando essa discussão para o plano da política, Sandel expõe que o télos da política deve ser questionado pois a vemos como um procedimento que permite às pessoas escolher suas finalidades por conta própria. Para Aristóteles o propósito da política é formar bons cidadãos e cultivar o bom caráter, é permitir que as pessoas desenvolvam suas capacidades e virtudes humanas peculiares para deliberar sobre o bem comum, desenvolver um julgamento prático, participar de autodeterminação do grupo, cuidar do destino da comunidade como um todo. Só realiza-se plenamente a natureza como ser humano quando se vive em uma pólis e participa-se da política. A política é uma atividade essencial para uma vida boa, é a expressão da natureza humana. O indivíduo, pela faculdade da linguagem tem a possibilidade de expressar o que é justo ou injusto, o certo e o errado, de discernir e deliberar sobre o bem. A vida moral tem a felicidade como objetivo, o