quem casa que casa
Martins Pena
PERSONAGENS
NICOLAU, marido de
FABIANA, mãe de
OLAIA e
SABINO.
ANSELMO, pai de
EDUARDO, irmão de
PAULINA.
Dois meninos e um homem.
ATO ÚNICO
CENA I
Sala com uma porta no fundo, duas à direita e duas à esquerda, uma mesa com o que é necessário para escrever-se, cadeiras, etc. Paulina e Fabiana.
Paulina junto à porta da esquerda e Fabiana no meio da sala; mostram-se enfurecidas.
PAULINA (batendo o pé) - Hei de mandar!...
FABIANA (no mesmo) - Não há de mandar!...
PAULINA (no mesmo) - Hei-de e hei-de mandar!...
FABIANA - Não há-de e não há- de mandar!...
PAULINA - Eu lho mostrarei. (Sai.)
FABIANA - Ai que estalo! Isto assim não vai longe... Duas senhoras a mandarem em uma casa... é o inferno! Duas senhoras? A senhora aqui sou eu; esta casa é de meu marido, e ela deve obedecer-me, porque é minha nora. Quer também dar ordens; isso veremos...
PAULINA (aparecendo à porta) - Hei de mandar e hei de mandar, tenho dito! (Sai.)
FABIANA (arrepelando-se de raiva) - Hum! Ora, eis aí está para que se casou meu filho, e trouxe a mulher para minha casa. É isto constantemente. Não sabe o senhor meu filho que quem casa quer casa... Já não posso, não posso, não posso! (Batendo com o pé:) Um dia arrebento, e então veremos! (Tocam dentro rabeca.) Ai, que lá está o outro com a maldita rabeca... É o que se vê: casa-se meu filho e traz a mulher para minha casa... É uma desavergonhada, que se não pode aturar. Casa-se minha filha, e vem seu marido da mesma sorte morar comigo... É um preguiçoso, um indolente, que para nada serve. Depois que ouviu no teatro tocar rabeca, deu-lhe a mania para aí, e leva todo o santo dia - vum,vum,vim,vim! Já tenho a alma esfalfada. (Gritando para a direita:) Ó homem, não deixarás essa maldita sanfona? Nada! (Chamando:) Olaia! (Gritando:) Olaia!
CENA II
Olaia e Fabiana
OLAIA (entrando pela direita) - Minha mãe?
FABIANA - Não dirás a teu marido que deixe de