Que lições o brasil pode tirar da instabilidade financeira mundial?
No ano passado, com a queda generalizada das bolsas de valores, a economia mundial observou mais um momento de instabilidade que, segundo as novas projeções do FMI, afetará negativamente o crescimento do PIB mundial. Esta instabilidade global é resultante da crise de confiança sobre o mercado imobiliário dos EUA. Essa crise iniciou-se como decorrência de um aumento inesperado da inadimplência das hipotecas da casa própria. Como este mercado ganhou proporções consideráveis na última década, perdas generalizadas acabam afetando outros setores da economia e atingindo os investidores que estão presentes nas bolsas de valores.
A reversão (parcial) na queda das bolsas foi possível porque o Federal Reserve e bancos centrais de Europa, Japão e Austrália injetaram dinheiro em seus respectivos sistemas financeiros para resolver os seus problemas de liquidez. No entanto, deve-se considerar o fato de que a instabilidade tornou-se uma característica importante das economias de mercado nos anos recentes, especialmente, para os países em desenvolvimento. É verdade que grande parte dessa instabilidade é conseqüência da financeirização das economias, mas é verdade também que grande parte dessa instabilidade depende das políticas adotadas pelos Estados Nacionais. No caso dos países da América Latina, essas políticas tendem a gerar, direta ou indiretamente, sobrevalorização da taxa de câmbio.
Do ponto de vista macroeconômico, deve-se observar que os programas de estabilização colocados em prática nos últimos anos por alguns países da América Latina, tiveram por objetivo principal controlar a inflação. Este controle foi alcançado na fase inicial desses programas, com o uso extensivo de uma política de valorização cambial. A resultante dessa política é a obtenção de déficits crescentes no saldo das transações correntes. Logo, para manter o programa de estabilização, fez-se necessário uma política complementar