Quanto mais comércio e divisão de trabalho, maior a riqueza do povo
Por Fabio Ostermann, publicado no Instituto Liberal
Em uma das passagens mais importantes (e menos lidas) de seu clássico “A Riqueza das Nações”, Adam Smith observou a forma de organização da produção em uma fábrica de alfinetes. Dividindo-se o trabalho em distintas etapas, a produtividade dos trabalhadores é muito maior do que seria caso cada trabalhador se ocupasse autonomamente de todas as fases da produção de um alfinete. Esta divisão permitiria que cada trabalhador se especializasse e aperfeiçoasse na função para a qual foi designado.
O aumento na produtividade dos fatores de produção decorrente de trocas livres baseadas na divisão do trabalho seria, segundo Smith, o caminho por meio do qual as nações tornar-se-iam ricas. Ocorre que, como percebeu o economista escocês, as possibilidades de divisão do trabalho são limitadas pelo tamanho do mercado a que se tem acesso.
Imagine-se, por exemplo, vivendo sozinho em uma ilha deserta onde só é possível consumir aquilo que é produzido. Como você não dispõe de outras pessoas para cooperar realizando trocas (um mercado), você só consumirá aquilo que você mesmo for capaz de produzir. Ainda que você seja uma pessoa extremamente hábil, você será necessariamente muito pobre, pois terá que alocar seu tempo limitado a atividades das mais básicas (garantir abrigo, comida, bebida e segurança para si mesmo, por exemplo).
Agora digamos que você descubra não estar sozinho na ilha: também vive lá uma família de náufragos. A probabilidade de que entre eles exista alguém que produza bens e serviços por você demandados de maneira mais eficiente (com menores custos relativos[i]) é grande. O fato de você ser o melhor cozinheiro da ilha não significará nada se houver outros cozinheiros quase tão bons e se, ao mesmo tempo, você for a única pessoa com conhecimentos de carpintaria nos arredores, ainda que você não seja propriamente um expert.
O que conta na divisão do