Quando a escola é a aldeia
(RESENHA DO TEXTO: QUANDO A ESCOLA É A ALDEIA)
Fernanda Mazzoni da Costa*
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação? 4ª Ed. Editora Brasiliense. Cap. 1, São Paulo, 1981, pág. 13-26.
Quando a escola é a aldeia, de Carlos Rodrigues Brandão, trata do problema da educação, dimensionado, segundo o autor, a partir do momento em que a sociedade atinge um grau complexo de organização e começa a preocupar-se com as formas de transmissão do saber. Precede a isso, porém, e ao próprio homem, a transferência do saber de uma geração à outra, visto que até mesmo os animais aprendem, de dentro para fora motivados pelo próprio instinto e de fora para dentro a partir da observação do outro. Assim, a educação não necessita da escola e realiza-se a todo momento. Na espécie humana, porém, a educação insere-se ainda na cultura de que faz parte, com seus simbolismos, valores e relações de poder. O autor relata que os antropólogos, embora não se refiram a processos formalizados de ensino, descrevem situações de educação pela troca nas sociedades, onde se adquire a sabedoria pela observação e imitação do gesto. Nessa modalidade de educação, não há professores formalmente instituídos: aprende-se com os mais experientes nas atividades cotidianas, sendo a vontade de fazer igual a fomentadora da busca pelo conhecimento. Embora os exemplos de que fala o autor se refiram à transmissão do conhecimento nas aldeias, revelam-se universais e contemporâneos, uma vez que esse modo de aprender permeia todas as sociedades em qualquer parte do mundo e a qualquer tempo. Dessa forma, tudo o que tem importância para a sociedade é, de alguma forma, transmitido para que perdure. Vale ressaltar que, além do conhecimento que é transmitido depender da cultura, também a forma de transmissão deste conhecimento é variável de acordo com a cultura em que se insere. Essas