Qualidade
Prof. Dalmo Lúcio Mendes Figueiredo
Dificuldades da Construção Civil
Entre os diversos setores industriais, a construção civil – por suas características peculiares e também por razões conjunturais – foi o que apresentou maiores dificuldades de adaptação a programas de qualidade e produtividade, na década de 80 e no início dos anos 90. Nessa época, o mercado apresentava certo desequilíbrio, com procura maior que a oferta e resultados econômicos compensadores, e por isso as empresas, com raras exceções, não se sentiam motivadas para aderir a programas de qualidade e produtividade.
De modo geral, essas empresas não se preocupavam com a gestão da qualidade e se mantinham fiéis à cultura do improviso e da tentativa e erro: se um processo não produzia os resultados esperados, bastava refazer o trabalho, pois os consumidores pagariam por qualquer custo adicional. As empresas também não se preocupavam com a qualidade do produto, que, por ser escasso, não sofria questionamentos dos clientes quanto às suas características. Um aspecto cultural bastante disseminado é o fato de que os usuários das edificações não aplicam, com relação a esse produto, as mesmas exigências de desempenho e qualidade que exigem de produtos de outras indústrias (VIEIRA e ANDERY, 2002).
Na década de 90, entretanto, a baixa competitividade das empresas existentes e os elevados ganhos financeiros estimularam o surgimento de muitas organizações, dando origem a uma nova realidade de mercado. Em função disso, as empresas despertaram para a necessidade de modificarem suas práticas gerenciais, pela adição de sistemas de gestão e garantia da qualidade. (ANDERY e VIEIRA, 2002).
Vale ressaltar que as ferramentas da gestão de qualidade foram desenvolvidas para uma produção seriada, típica da indústria de transformação, enquanto a construção civil trabalha com um produto que é sempre único. Não há produção em cadeia, como em outros setores industriais, onde os