"Quais interações sociais são existentes no cotidiano da sociedade atual?”.
O processo de conscientização política do operário Lulú é o eixo do filme, que de forma dialética, consegue fazer aflorar as contradições da condição do trabalhador sem cair na armadilha do filme panfletário. Ao mesmo tempo que Lulú se politiza é influenciado pela sociedade de consumo . Suas referências no processo de politização são três: o discurso extremista dos estudantes, a postura moderada e pragmática dos sindicalistas e, sobretudo, seu velho companheiro de trabalho, Militina, que devido ao trabalho da fábrica acabou enlouquecendo, indo parar em um manicômio.
A alienação do trabalho no capitalismo é exposta de maneira brilhante na conversa de Lulú e Militina, onde este, em sua ‘loucura’, lembra-se do questionamento que fazia sobre a utilidade das peças que produziam. Ainda Militina é a principal referência na utopia que dá nome ao filme: o muro que precisa ser derrubado, dando acesso ao paraíso para todos os operários.
A discussão de Lulú com o líder estudantil após ter sido demitido expõe a dificuldade em aproximar o discurso de esquerda da vida cotidiana dos trabalhadores: o coletivo se sobrepõe ao individual em uma sociedade onde o individualismo está arraigado.
O filme só entrou em cartaz no Brasil no início dos anos 80, quando ocorria um afrouxamento da censura da ditadura militar, justamente no momento que renascia o movimento operário brasileiro com as greves do metalúrgicos do