Pânico na indústria
Tradicional casa fonográfica dos Beatles e dos Rolling Stones, a gravadora britânica EMI anunciou, em 15 de janeiro, uma reestruturação que implicará a demissão de 1,5 mil a 2 mil de seus funcionários nos próximos seis meses. Considerado o total de 5,5 mil contratados no mundo todo, o encolhimento resultante será de cerca de um terço.
Poucos dias antes, a empresa havia sido publicamente ameaçada por um dos líderes de vendagem de discos, o cantor de pop dançante Robbie Williams. Provavelmente inspirado pela greve de roteiristas que há três meses abala Hollywood, Williams declarou-se em greve contra a EMI e afirmou que não entregará o álbum que deve à casa, com lançamento previsto para setembro.
Segundo o jornal britânico The Times, um dos grupos de rock mais populares do planeta, o Coldplay, estaria disposto a aderir à greve. “Artistas querem trabalhar com gente de música, não com homens de negócios”, afirmou o empresário da banda, Dave Holmes, em referência à recente aquisição da EMI pelo fundo de investimentos britânico Terra Firma, em meio à crise de vendas e denúncias de fraude na gestão anterior.
Na quinta-feira 17, o anúncio de que os Rolling Stones lançarão um CD por outra gravadora (a norte-americana Universal) forneceu indicação de que não será renovada a parceria de 16 anos com a EMI, que expira em maio. Em 2007, Paul McCartney rompeu uma ligação de quatro décadas e meia com a multinacional, que vive às voltas com litígios judiciais com o espólio dos Beatles. (...)
“O foco da redução de pessoal é eliminar possíveis áreas de duplicidade de funções dentro do grupo, permitindo mais agilidade nas tomadas de decisão e uma estrutura mais sustentável dentro do novo cenário”, ameniza Marcelo Castello Branco, presidente do escritório brasileiro da EMI (...).
Os conflitos na EMI formam a ponta mais estridente de um cenário a cada dia mais grave, o da derrocada das grandes gravadoras de discos diante da pirataria, downloads, circulação