Páscoa, celebração e a IX Sinfonia de Beethoven

PÁSCOA, CELEBRAÇÃO E A IX SINFONIA DE BEETHOVEN* O leitor e a leitora devem estar se perguntando: o que a IX sinfonia tem a ver com a Páscoa? Boa pergunta. Aparentemente nada, pois, pelo que eu saiba, e salvo melhor juízo, os quatro movimentos desta sinfonia não nos levam a articular as duas referências, com exceção talvez do coral que entoou as preces deste compositor, inspirado por uma ode escrita pelo poeta, filósofo e historiador alemão Friedrich Schiller. Refiro-me ao final do último movimento desta clássica sinfonia. Eu voltarei a este último ponto após desenvolver algumas considerações sobre os dois primeiros. A Páscoa, embora seja celebração de caráter religioso, ela tem uma dimensão teológica e um certo fundo filosófico. Se para o cristão é data festiva da ressurreição de Cristo e sinal de que ele, Cristo, voltava ao seio do Pai na esperança de ao final dos tempos estar ao lado de todos aqueles que aqui na terra tiveram em conta os conselhos e as orientações apontados pelo Filho de Deus durante a sua existência na terra. A celebração da páscoa, pode dizer-se, tem um triplo sentido metafísico: celebração da vida, da morte e da ascensão do Filho de Deus, o que é motivo de alegria para os cristãos, sobretudo, com a esperança e certeza de reencontrá-lo no final dos tempos. Sob o ponto de vista teológico, embora eu não tenha profundidade em conhecimentos teológicos (apenas estudei a visão de educação de S. Thomas de Aquino ao ler a sua Summa Theologica na graduação-FEUSP), pode ser entendida, a Páscoa, como momento de reencontro com o outro numa caminhada que busca superar as mazelas, os erros, as ignorâncias, a maldade, etc.. Além disso, reforçar a crença num tempo além, ou seja, o paraíso que está embutido numa Páscoa em que se espera congregar, num misto de alegria e felicidade, todos os seres humanos, independentemente de raça, cor, sexo, classe social, etc.. Paraíso este que há de ser celebrado encerrando o final dos tempos aqui na terra. De