Psicopatia da vida cotidiana
Palavras-chave Psicopatia, perversão, lei, tratamento.
Psychopath of everyday life
Déborah Pimentel2
Resumo A autora faz uma análise das notícias veiculadas pela imprensa e a partir delas percebe-se o grande número de pessoas que são vítimas de gente inescrupulosa e mentirosa e a dificuldade que temos de identificar esses sujeitos perversos que gravitam ao nosso redor. São pessoas que se recusam a viver frustrações e capazes de atrocidades e de recursos ilícitos ou agressivos para alcançarem o que desejam a despeito da lei e que recorrem às mentiras, trapaças e crueldades. A autora conclui que não existe uma resposta psicanalítica para os psicopatas, pois ela só existe para um pedido daquele que se dirige a um psicanalista. O tratamento para a psicopatia, se é que existe, é de ordem social e de caráter educativo. O homem é a medida de todas as coisas. Platão Estou triste. Muito triste. Vi os homens de perto. De muito perto. Antoine de Saint-Exupéry Houve um período em que a maioria da população era bem neurótica. Para melhor definição, histérica. Estragavam tudo no melhor da festa para dormir com um gigante sentimento de culpa, cheios de ansiedade e de tranquilizantes. Mais adiante a sociedade deprimiu e nunca se falou tanto, e se prescreveram tantos psicofármacos para a alegria dos laboratórios. Os tempos mudaram, e as manifestações psíquicas apresentam-se de forma vistosa, quer no uso das drogas, no consumo exacerbado, no jogo patológico, no uso alienante do computador, no culto ao corpo, nos transtornos alimentares, ou ainda nas transgressões e violência. Vivemos uma terceira fase: a sociedade do espetáculo, narcísica e perversa. Palavras antes usuais, como solidariedade e companheirismo, por exemplo, desapareceram do vocabulário e das relações do cotidiano. Os índices de violência são crescentes, quer nas ruas, quer nas áreas privadas; reinam a intolerância e a insegurança. Somos uma sociedade em que o status social e a