Psicologia
2.1. História e Bases Filosóficas da Abordagem Centrada na Pessoa
A Psicologia é uma ciência multifacetada e complexa, cujas origens se encontram, de forma difusa, no âmbito da Filosofia e das Ciências Naturais.
Figueiredo (1989) afirma que a idade moderna inaugura-se com um fenômeno de amplas e penetrantes repercussões no surgimento da Psicologia contemporânea, observando-se, a partir do século XVII, uma redefinição das relações sujeito/objeto nos planos da ação e do conhecimento. Nesse cenário, a ação contemplativa cede lugar progressivamente à razão e à ação instrumental.
O mesmo autor, propondo-se a investigar o significado das doutrinas no contexto dos conjuntos culturais de que fazem parte e nas suas relações com o projeto de constituição da Psicologia como ciência independente, identifica, num primeiro momento, dois grandes grupos de matrizes do pensamento psicológico, posteriormente subdivididos. De um lado, têm-se escolas e movimentos gerados por matrizes cientificistas — que seguem o modelo das ciências naturais, tendendo a fazer da Psicologia uma disciplina biológica —; e, de outro, as escolas e movimentos gerados por matrizes “românticas” e “pós-românticas”, em que se reconhece e sublinha a especificidade do objeto — atos e vivências de um sujeito, dotados de valor e significado para ele —, reivindicando a total independência da Psicologia das demais ciências.
A Abordagem Centrada na Pessoa, estabelecida no século XX por Carl
Rogers, tem como base filosófica a matriz fenomenológica e existencialista, que deriva do segundo grupo referido por Figueiredo. O pensamento fenomenológico, por sua vez, deriva da filosofia de Descartes, que, recorrendo ao exercício da dúvida metódica, alcançou o sujeito pensante como sendo a única evidência de que não se tem o direito de duvidar (FIGUEIREDO, 1989).
Emanuel Kant, importante filósofo iluminista do século XVIII, trouxe importante contribuição à matriz