Psicologia
RESUMO
A partir de uma leitura panorâmica da Nova Ordem Mundial e de uma análise do status quo à luz de teorias em psicologia social, neste artigo é desenvolvida uma crítica da antevisão do futuro de impostação neoliberal, interpretando-a como resultado de propaganda das forças sistemáticas sobre as representações sociais que se constrõem da história. Inspirando-se nas preconizações de Marramao, Wallerstein, Balducci, Habermas, Enriquez e Money-Kyrle, argumenta-se, em contraposição, pela necessidade da criação de um homem planetário capaz de se relacionar com base em uma ética de interdependência dos grupos e não da competição. Para tal, propõe-se, como estratégia, a organização social de zonas cada vez mais extensas de abertura do universo da locução e de promoção de redes de diálogos interculturais, como forma de construção de um novo humanismo.
A antecipação do futuro e o neoliberalismo
"Nós, que sobrevivemos aos Campos, não somos verdadeiras testemunhas. Esta é uma idéia incômoda que passei aos poucos a aceitar, ao ler o que outros sobreviventes escreveram - inclusive eu mesmo, quando releio meus textos após alguns anos. Nós, sobreviventes, somos uma minoria não só minúscula, como também anômala. Somos aqueles que, por prevaricação, habilidade ou sorte, jamais tocaram o fundo. Os que tocaram, e que viram a face das Górgonas, não voltaram, ou voltaram sem palavras."
Primo Levi apud Eric Hobsbawn (1994:11)
TENDO NASCIDO logo após a Segunda Grande Guerra como uma reação teórica e política ao Estado intervencionista e de bem-estar, ao longo dos anos 80 a ideologia do neoliberalismo triunfou na Europa e na América do Norte, e continua avançando sem cessar, atingindo, com sua influência, regiões do planeta até então intocadas. Trata-se, no dizer de Anderson (1995:Q2), de um movimento ideológico em escala verdadeiramente mundial que, a partir da proposta do grupo