Psicologia
O pensamento psicológico move-se entre polaridades, tensões e paradoxos decorrentes das características ontológicas desse campo de conhecimento (Barrett, 2009). Em termos ontológicos (Wiley, 1994), a Psicologia se caracteriza como área de interseção entre as ciências físicas e biológicas, de um lado, e entre as ciências sociais, interativas e culturais do outro. Ontologia é aqui definida como um ente ou objeto e seu logos, isto é, o espaço no qual o ente se revela como tal para a elucidação do sujeito cognoscente. Com efeito, a Psicologia constitui uma grande região ontológica, e permite circunscrições variadas, apropriações diversas e diferentes perspectivas. Desse modo, as polaridades aparecem naturalmente nas tensões teóricas dentro do campo e constituem eixos nos quais estudantes, professores, pesquisadores e profissionais terminam se posicionando, muitas vezes de forma rígida e sem o respaldo de discussões aprofundadas (Searle, 1995).
Há polaridades muito conhecidas e referenciadas. Ao se discutir a relação entre indivíduo e ambiente, aparece a tensão construtor/ativo versus construído/passivo (Kimble, 1984; Nunez, Poole, & Menon, 2003). Ao examinar a constituição do sujeito ao longo do ciclo de vida, deparamo-nos com a tensão do inato versus adquirido, ou de natureza versus cultura (Baillargeon, 2008; Keating, 2007; Lewkowicz, 2011). Ao considerarmos a singularidade do indivíduo, vemo-nos diante do dilema estrutura versus processo, ou estrutura versus ação (Archer, 2003). Ao analisarmos a questão de ajustamento, do bem-estar e da saúde, enfrentamos a tensão do conceito e dos limites entre normal versus patológico (Ganellen, 2007). Ao tratarmos dos processos de investigação, temos que enfrentar o dilema qualitativo versus quantitativo ou, mais abrangentemente, ciências naturais versus ciências sociais, decorrendo daí outras polaridades como positivismo versus não positivismo, dialética versus hermenêutica, e