psicologia
Atração fatal
Cuidado com o candidato charmoso, carismático e com um currículo primoroso. Ele pode destruir sua empresa, como avisa o consultor Jay Stuller
D
epois de entrevistar Bob Bristow por cinco minutos, o presidente da empresa,
Jack Sellers, tinha certeza de que havia encontrado o novo vice-presidente para aquele setor. Embora nunca tivesse trabalhado com gestão de planos de saúde, o currículo de Bristow mostrava o início de carreira em uma companhia de seguros baseada em Connecticut, em seguida sua proposta de mudança revolucionária na administração hospitalar de uma grande clínica no Meio-Oeste norte-americano, a ponto.com de informações sobre benefícios que ele ajudou a fundar –uma grande idéia que ruiu, como tantas outras, com o estouro da bolha. Bristow parecia ter visão, e um histórico de funções cada vez mais importantes indicava tratar-se de uma “commodity” altamente cobiçada.
Sellers via Bristow como uma espécie de espelho. Alguém que sabia vestir-se, tinha segurança e não só adorava golfe, mas também tinha um fraco pelo time de futebol americano Oakland Raiders. Esses detalhes não podiam deixar de encantar um presidente executivo cuja parede do escritório ostentava uma foto do 16º buraco de Cypress Point
–famosíssimo ponto do clube de golfe californiano homônimo– e em cuja mesa havia uma placa de “Compromisso com a Excelência”. No final da entrevista, Sellers parecia Michael
Corleone na primeira parte da trilogia Poderoso Chefão depois de atingido pelo raio que lhe inspirou a visão de Apollonia colhendo flores no interior da Sicília. É verdade que também havia indícios de que a associação de Bristow com a empresa não seria menos fatídica do que a estada de Corleone na Sicília, que culminou com a perda da mulher na explosão do carro que a levava.
Sellers encaminhou o candidato para três diretores de conta. Poucos minutos depois, todos eles já sabiam que Bristow não entendia nada de questões