A HISTÓRIA SOCIAL DA CRIANÇA E A SITUAÇÃO ATUAL DA CRIANÇA Conforme Philippe Ariès, o conceito de infância – entendido como um período da vida muito diferente da idade adulta – é uma inovação construída ao longo da era moderna. Ao se procurarem transformações de longo prazo nas concepções acerca da infância, mais uma vez foram Philippe Ariès e sua História social da criança e da família que, em princípio, estabeleceram a agenda para os historiadores. Sua principal preocupação, evidentemente, era documentar o surgimento, durante o período moderno, de um sentimento de l’enfance: uma expressão ambígua, que transmite tanto a ideia de uma consciência da infância quanto de um sentimento em relação a ela. Antes disso, no decorrer da Idade Média, “a duração da infância era reduzida ao seu período mais frágil e (...) mal a criança adquiria algum desembaraço físico, era logo misturada aos adultos e partilhava de seus trabalhos e jogos.” (pág. 10). Dessa forma, percebe-se que hoje a infância, segundo o estatuto, é prescrito por um período que vai desde o nascimento à puberdade. Na Idade Média essa infância era menor, pois as crianças quando eram mais “desembaraçadas”, isto é, conversam muito, estas já assumiam o papel de adultos, ou seja, já inseriam-se no trabalho diário. A arte medieval retratava esta ideia e representava a criança como um adulto em escala reduzida, pois se hoje a infância é bem mais aproveitada pelas crianças, apesar de toda a tecnologia que muitas vezes “atrapalham” o desenvolvimento intelectual e psíquico da criança, antigamente as crianças já tinham que trabalhar mais cedo para garantir o seu sustento e da sua própria família. A criança era vista como diferente do adulto apenas no tamanho e na força. As outras características, aos olhos da época, permanecem iguais. Percebe-se que a criança vista pelo adulto podia entender os mais variados assuntos, pois estas já trabalhavam e tinham, segundo a concepção do