psicologia
Jackeline Paulla TavaresI; Celana Cardoso AndradeI,
RESUMO
A experiência religiosa, inerente ao homem, pode permear a relação terapeuta-cliente. O gestalt-terapeuta deve estar preparado para investigar, a partir de uma escuta atentiva, a experiência única do cliente. O presente trabalho tem como objetivo evidenciar o conflito da terapeuta ante a incompatibilidade de seus valores morais-religiosos e dos valores existenciaisfenomenológicos da sua ciência. Ele se divide em três partes: a primeira, trata do embasamento teórico referente à experiência religiosa e à abordagem gestáltica; a segunda, refere-se à apresentação dos três participantes; e a terceira, apresenta a relação entre a teoria e os dados colhidos. Conclui-se que valores incompatíveis interferem em uma escuta fenomenológica, por isso a importância da suspensão dos valores e crenças do profissional.
Palavras-chave: Experiência religiosa; Gestalt-terapia; Epoché; Conflito.
Atualmente, há uma constante busca de significado do ser humano e uma crescente discussão sobre a importância da dimensão espiritual no homem e é relevante que uma ciência como a psicologia aborde tais questões existenciais. No entanto, como a busca de sentido é inerente ao homem, o próprio psicólogo também vivencia tal experiência, muitas vezes por meio da religião. O profissional precisa estar atento para suspender seus a prioris ao aproximar do mundo vivido do cliente, principalmente nos relatos de experiências muito próximas ou contrárias aos seus valores.
A Experiência Religiosa
Qual o sentido da minha vida? Como tenho existido? Qual o meu destino? Qual o sentido do mundo? Para Mahfoud & Massimi (1999) e Prado (1999), esses tipos de perguntas, que emergem no cotidiano da pessoa, referem- se ao sentido da existência, da natureza do homem e subentendem um vazio existencial. Rigacci (2005) observa que o desejo humano é a revelação desse